As normalistas - A professora
Maria Lúcia Carvalho de Azevedo, professora do Instituto de Educação Rangel Pestana, explica e opina sobre o uso do uniforme de normalista, do ponto de vista da professora e da ex-aluna.
COMO O UNIFORME ESTÁ ASSOCIADO A UM CERTO PADRÃO DE COMPORTAMENTO FEMININO?
Depende. O uniforme é qualquer tipo de vestimenta para um grupamento. Essa questão é muito relativa porque esse uniforme foi modificado muito ao longo dos anos.
Você teve na década de 70 o uso da calça comprida, porque era uma época de muita rebelião.
Depois você retomou com aquela questão assim “mas o passado era tão bonito”... Então, esse ideal de comportamento feminino que se tem sim por trás de um uniforme, eu considero que em todo o uniforme, até mesmo o de enfermeira, a questão da submissão da mulher. Você tem uma característica que quanto mais padronizado está esse uniforme e quanto mais ele representa aquilo que é da mulher – que a mulher seja feminina, seja toda arrumadinha, toda limpinha – acaba esses uniformes trazendo sim por trás da aparência uma série de outras coisas, que é a questão do poder, da questão do estereótipo da mulher “bonitinha”.
Você vê que o uniforme tende a favorecer um biótipo: a saínha preguiada na cintura, as mulheres que são mais avantajadas de corpo ficam horrorosas dentro desse uniforme.
Ele é pensado pra seguir um padrão daquela normalista, uma menina jovem... você nunca pensa que pessoas de outras idades podem estar fazendo o curso, você só pensa na jovem.
Por isso que acaba sim estando associado a esse padrão de mulher, porque o uniforme está muito associado a essa questão do feminino e que dá um certo ar que se espera do comportamento feminino, delicado.
VOCÊ CONSIDERA QUE ESSAS QUESTÕES ESTÃO PRESENTES AINDA HOJE EM DIA?
Considero. Eu penso assim: mesmo que a pessoa não esteja pensando nisso, é uma coisa que está lá no subconsciente. Quando você vê uma aluna amassada e desarrumada, você logo pensa “puxa, arruma esse uniforme, está amarrotado”. Por quê? Quando o uniforme está fora do lugar, você tem o viés do desleixo, da falta de higiene. Então não é só uma aparência, são vários elementos que estão ai colocados.
Quando você está amarrotada, você tem a questão do desleixo.
Quando você está suja, você tem a questão da higiene.
Quando eu penso que como professor, depois eu vou exercer essas questões, como eu vou passar isso aos meus alunos?
O uniforme marca sim uma questão de status que passou, que não existe mais, e que as pessoas, mesmo não querendo, perpetuam essa questão. Mesmo que não seja uma verdade, porque hoje estar no Curso Normal não significa ter status. Até mesmo porque quem está no curso, está quase sempre por falta de opção. Se ele tivesse uma outra opção, ele estaria fazendo outro curso. Mas isso não interessa, porque é um passado que persiste.
Quando se pensa no passado, sempre aparece essa figura: a normalista, arrumada, impecável... Então querendo ou não, é uma questão que vai lá no passado.
SOBRE A QUESTÃO DO EXEMPLO PARA OS ALUNOS.
“A APARÊNCIA DO PROFESSOR, É, INCLUSIVE, UM MOTIVO DE DELEITE PARA OS ALUNOS, POR ISSO ELE DEVE SER “SAUDÁVEL, TER BOA APRESENTAÇÃO, PORTE CORRETO, VESTUÁRIO EM BOA ORDEM, SEM EXAGEROS”. O QUE PODE TANTO AUXILIAR NA FIXAÇÃO DA APRENDIZAEM, QUANTO DESVIAR A ATENÇÃO DOS ESTUDANTES.”
Querendo ou não querendo, o vestuário e a aparência é aquilo que você repara no primeiro momento. Então se você se depara com uma pessoa que está com a roupa toda amarrotada, você não quer nem saber o que houve.
O uniforme, como está ligado a aparência, também vai ter essa primeira leitura.
QUAIS FORAM AS MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS OCORRIDAS NO UNIFORME?
Esse uniforme mudou muito pouco na sua estrutura: blusa e saia. Isso não mudou, mesmo modificando o comprimento, já foi mais curto, mais cumprido, longo... mas a saia e blusa enquanto vestimenta, aparece no uniforme sempre. Talvez por ser muito rápido de se vestir.
Eu cheguei a estudar numa escola em que a minha saia era de lã. Você tinha a saia geralmente num tecido mais nobre, e a blusa que geralmente se tinha 2 ou 3 pra poder trocar. É como o nosso “uniforme” do dia-a-dia: uma calça jeans e vai trocando de camisetas...
Então o uniforme já teve mudanças no comprimento da saia, na cor, na maga da blusa que já foi comprida, já teve abotoadura, da abotoadura passou a ser com botão.
Tem também a questão das pessoas que vão fazendo o uso do uniforme, cada vez mais, são de uma camada popular da sociedade e que não tinha no passado. A escola do Curso Normal na década de 50 era da classe média alta! Então tinham as blusas de lingerie, blusas de seda com abotoaduras. Quando se vai socializando essa entrada da camada mais popular da sociedade, vai-se trocando essa blusa por um tecido mais popular, vai-se tirando as abotoaduras e colocando os botões e depois as blusas de manga comprida são até mesmo eliminadas.
Agora tem a blusa de manga curta, mas, o bolso está sempre presente. Porque o bolso é a identificação da escola, e têm-se sempre um acessório.
Então, com o passar dos anos, já passaram o lacinho, o cordãozinho... É bem transitório. Depois do lacinho, teve a gravata, o lenço. Esses acessórios que compõem o uniforme, como ter cinto ou não, são coisas que durante o tempo vão aparecendo ou sumindo... Mas a questão da saia e blusa é permanente.
E SOBRE A QUESTÃO DA LIBERAÇÃO DA BLUSA PRA FORA ESSE ANO, QUAL SUA OPINIÃO SOBRE ISSO?
Acabou que uma questão que estava sendo sempre conflituosa, se resolveu ao abolir esse conflito. Porque era toda hora chamando atenção das alunas, para que colocassem a blusa pra dentro da saia. Chegou a um ponto tão desgastante, que foi preferível, já que isso muito pouco influencia no uniforme. Então se libera porque é muito desgastante, todo dia ver o aluno e mandar o aluno fazer uma coisa.
COMO O USO DO UNIFORME INFLUENCIA NO COTIDIANO DA NORMALISTA? (QUEM FAZ O CURSO NORMAL TEM UM OUTRO TIPO DE COMPORTAMENTO?)
O uniforme acaba influenciando, porque se ele é a identidade de um grupo, você pertence a esse grupo, então você acaba agindo conforme o grupo. Isso também é próprio do jovem: o jovem age conforme o grupo em que ele está inserido.
Naquele momento em que ele está inserido naquele grupo estudantil, que é o grupo do Curso Normal, ele tem uma característica e uma maneira de agir conforme os demais componentes do grupo. Claro que, quando ele sai daquele momento, ele vai pertencer a vários outros grupos: ele vai pro grupo da igreja, o grupo da dança, ou um grupo já que ele trabalhe.
Mesmo que alguns alunos não tenham esse comportamento, a maioria tem, que é se colocar enquanto normalista, como futura professora.
As pessoas consideram que o aluno do Curso Normal deve ter um comportamento diferenciado no sentido de que ele vai ser um futuro professor. Só que esse “vai ser” é muito utópico.
Eu penso que o aluno do Curso Normal deve agir conforme a sua idade. O que não dá é querer que uma pessoa de 30 anos se manifeste como uma de 15 e que uma de 15 se manifeste como uma de 30. Alguém etária errado nessa situação.
Primeiro o aluno deve agir conforme sua idade, depois como um aluno do Curso Normal. Porque querendo ou não, ao término do curso ele sai habilitado a ser professor. Ele pode com 17 anos entrar numa sala com 30 alunos e ser responsável por eles.
Então acaba sendo cobrado desses jovens um amadurecimento mais rápido para que ele possa realmente, ao final de um tempo, ser responsável por uma turma.
EM QUE MOMENTO OS HOMENS PASSARAMA SER ACEITOS NO CURSO NORMAL? Foi muito pelo contrário, no passado os professores eram homens. Bem no passado, não existiam mulheres como professoras. As mulheres só começaram a questão do trabalho e de serem professoras, principalmente, quando as questões econômicas fazem com que elas vão para o mercado de trabalho.
O que aproximou a mulher desse mercado de trabalho é o fato dele estar relacionado a crianças.
Quando as mulheres começaram a trabalhar, os homens queriam que elas tivessem contato com crianças, porque, em “tese”, tanto tinha o lado materno, quanto tem a parte de que sua esposa estaria saindo pra trabalhar, mas não seria com outro homem. Então eles estariam livres de qualquer situação de traição.
A entrada do homem nunca foi proibida, é importante frisar. Eu por exemplo, quando fiz o curso na década de 70, tive colegas homens.
No passado era ao contrário, você tinha muito mais homens do que mulheres.
Depois que aconteceu essa questão feminina, passou a ser quase que de lei, ou a mulher ia trabalhar em casa de família, ou ia ser professora. Se ela fosse de uma classe mais favorecida ia ser professora, se ela fosse de uma classe mais baixa ia ser doméstica.
POR QUE SERÁ QUE HOUVE A DIMINUIÇÃO DOS HOMENS?
Por uma questão também econômica, passou-se a ganhar muito pouco. Então como o homem, geralmente, na nossa sociedade é o provedor do lar, ele passou a ter trabalhos em que ele pudesse ganhar mais. E como esse trabalho passou a ser muito amplo, as mulheres continuaram e ganhando bem menos do que os homens.
Essa questão econômica é muito reforçada, o professora ganha pouco porque ele faz um trabalho afetivo. E fala-se que é um trabalho que qualquer um sabe fazer.
A especialização como professora acaba ficando um pouco atrás, porque ter que ter uma boa postura, uma boa aparência, ter que ser delicada, ter que ser afetiva, ter amor a profissão, mas ela também tem que ter muita competência, tem que estudar... Pra que você vai pagar muito pra uma pessoa que só vai fazer um trabalhinho mais ou menos?!
Aparece muito a palavra “cuidar”. Mas a professora não cuida do seu aluno, ela ensina, é diferente.
O QUE FAZ COM QUE O UNIFORME TENHA TAMANHA IMPORTÂNCIA QUE FAÇA COM QUE ELE RESISTA POR TANTO TEMPO?
Ele acaba resistindo por tanto tempo porque ele é uma marca. É uma marca de um tempo, de um grupo. Como é uma marca o uniforme de enfermeira, como é uma marca o uniforme de várias outras categorias.
Sendo uma marca de um grupo, ele acaba sendo perpetuado e mesmo que esse grupo, seja um grupo que, através do tempo, se mudou porque a sociedade mudou, ele ainda tem características próprias: é um grupo que, ao final de um tempo, vai ter a responsabilidade de ser professor. A característica não se mudou. Em qualquer lugar você está identificado como um aluno do Curso Normal.
Depende. O uniforme é qualquer tipo de vestimenta para um grupamento. Essa questão é muito relativa porque esse uniforme foi modificado muito ao longo dos anos.
Você teve na década de 70 o uso da calça comprida, porque era uma época de muita rebelião.
Depois você retomou com aquela questão assim “mas o passado era tão bonito”... Então, esse ideal de comportamento feminino que se tem sim por trás de um uniforme, eu considero que em todo o uniforme, até mesmo o de enfermeira, a questão da submissão da mulher. Você tem uma característica que quanto mais padronizado está esse uniforme e quanto mais ele representa aquilo que é da mulher – que a mulher seja feminina, seja toda arrumadinha, toda limpinha – acaba esses uniformes trazendo sim por trás da aparência uma série de outras coisas, que é a questão do poder, da questão do estereótipo da mulher “bonitinha”.
Você vê que o uniforme tende a favorecer um biótipo: a saínha preguiada na cintura, as mulheres que são mais avantajadas de corpo ficam horrorosas dentro desse uniforme.
Ele é pensado pra seguir um padrão daquela normalista, uma menina jovem... você nunca pensa que pessoas de outras idades podem estar fazendo o curso, você só pensa na jovem.
Por isso que acaba sim estando associado a esse padrão de mulher, porque o uniforme está muito associado a essa questão do feminino e que dá um certo ar que se espera do comportamento feminino, delicado.
VOCÊ CONSIDERA QUE ESSAS QUESTÕES ESTÃO PRESENTES AINDA HOJE EM DIA?
Considero. Eu penso assim: mesmo que a pessoa não esteja pensando nisso, é uma coisa que está lá no subconsciente. Quando você vê uma aluna amassada e desarrumada, você logo pensa “puxa, arruma esse uniforme, está amarrotado”. Por quê? Quando o uniforme está fora do lugar, você tem o viés do desleixo, da falta de higiene. Então não é só uma aparência, são vários elementos que estão ai colocados.
Quando você está amarrotada, você tem a questão do desleixo.
Quando você está suja, você tem a questão da higiene.
Quando eu penso que como professor, depois eu vou exercer essas questões, como eu vou passar isso aos meus alunos?
O uniforme marca sim uma questão de status que passou, que não existe mais, e que as pessoas, mesmo não querendo, perpetuam essa questão. Mesmo que não seja uma verdade, porque hoje estar no Curso Normal não significa ter status. Até mesmo porque quem está no curso, está quase sempre por falta de opção. Se ele tivesse uma outra opção, ele estaria fazendo outro curso. Mas isso não interessa, porque é um passado que persiste.
Quando se pensa no passado, sempre aparece essa figura: a normalista, arrumada, impecável... Então querendo ou não, é uma questão que vai lá no passado.
SOBRE A QUESTÃO DO EXEMPLO PARA OS ALUNOS.
“A APARÊNCIA DO PROFESSOR, É, INCLUSIVE, UM MOTIVO DE DELEITE PARA OS ALUNOS, POR ISSO ELE DEVE SER “SAUDÁVEL, TER BOA APRESENTAÇÃO, PORTE CORRETO, VESTUÁRIO EM BOA ORDEM, SEM EXAGEROS”. O QUE PODE TANTO AUXILIAR NA FIXAÇÃO DA APRENDIZAEM, QUANTO DESVIAR A ATENÇÃO DOS ESTUDANTES.”
Querendo ou não querendo, o vestuário e a aparência é aquilo que você repara no primeiro momento. Então se você se depara com uma pessoa que está com a roupa toda amarrotada, você não quer nem saber o que houve.
O uniforme, como está ligado a aparência, também vai ter essa primeira leitura.
QUAIS FORAM AS MUDANÇAS E PERMANÊNCIAS OCORRIDAS NO UNIFORME?
Esse uniforme mudou muito pouco na sua estrutura: blusa e saia. Isso não mudou, mesmo modificando o comprimento, já foi mais curto, mais cumprido, longo... mas a saia e blusa enquanto vestimenta, aparece no uniforme sempre. Talvez por ser muito rápido de se vestir.
Eu cheguei a estudar numa escola em que a minha saia era de lã. Você tinha a saia geralmente num tecido mais nobre, e a blusa que geralmente se tinha 2 ou 3 pra poder trocar. É como o nosso “uniforme” do dia-a-dia: uma calça jeans e vai trocando de camisetas...
Então o uniforme já teve mudanças no comprimento da saia, na cor, na maga da blusa que já foi comprida, já teve abotoadura, da abotoadura passou a ser com botão.
Tem também a questão das pessoas que vão fazendo o uso do uniforme, cada vez mais, são de uma camada popular da sociedade e que não tinha no passado. A escola do Curso Normal na década de 50 era da classe média alta! Então tinham as blusas de lingerie, blusas de seda com abotoaduras. Quando se vai socializando essa entrada da camada mais popular da sociedade, vai-se trocando essa blusa por um tecido mais popular, vai-se tirando as abotoaduras e colocando os botões e depois as blusas de manga comprida são até mesmo eliminadas.
Agora tem a blusa de manga curta, mas, o bolso está sempre presente. Porque o bolso é a identificação da escola, e têm-se sempre um acessório.
Então, com o passar dos anos, já passaram o lacinho, o cordãozinho... É bem transitório. Depois do lacinho, teve a gravata, o lenço. Esses acessórios que compõem o uniforme, como ter cinto ou não, são coisas que durante o tempo vão aparecendo ou sumindo... Mas a questão da saia e blusa é permanente.
E SOBRE A QUESTÃO DA LIBERAÇÃO DA BLUSA PRA FORA ESSE ANO, QUAL SUA OPINIÃO SOBRE ISSO?
Acabou que uma questão que estava sendo sempre conflituosa, se resolveu ao abolir esse conflito. Porque era toda hora chamando atenção das alunas, para que colocassem a blusa pra dentro da saia. Chegou a um ponto tão desgastante, que foi preferível, já que isso muito pouco influencia no uniforme. Então se libera porque é muito desgastante, todo dia ver o aluno e mandar o aluno fazer uma coisa.
COMO O USO DO UNIFORME INFLUENCIA NO COTIDIANO DA NORMALISTA? (QUEM FAZ O CURSO NORMAL TEM UM OUTRO TIPO DE COMPORTAMENTO?)
O uniforme acaba influenciando, porque se ele é a identidade de um grupo, você pertence a esse grupo, então você acaba agindo conforme o grupo. Isso também é próprio do jovem: o jovem age conforme o grupo em que ele está inserido.
Naquele momento em que ele está inserido naquele grupo estudantil, que é o grupo do Curso Normal, ele tem uma característica e uma maneira de agir conforme os demais componentes do grupo. Claro que, quando ele sai daquele momento, ele vai pertencer a vários outros grupos: ele vai pro grupo da igreja, o grupo da dança, ou um grupo já que ele trabalhe.
Mesmo que alguns alunos não tenham esse comportamento, a maioria tem, que é se colocar enquanto normalista, como futura professora.
As pessoas consideram que o aluno do Curso Normal deve ter um comportamento diferenciado no sentido de que ele vai ser um futuro professor. Só que esse “vai ser” é muito utópico.
Eu penso que o aluno do Curso Normal deve agir conforme a sua idade. O que não dá é querer que uma pessoa de 30 anos se manifeste como uma de 15 e que uma de 15 se manifeste como uma de 30. Alguém etária errado nessa situação.
Primeiro o aluno deve agir conforme sua idade, depois como um aluno do Curso Normal. Porque querendo ou não, ao término do curso ele sai habilitado a ser professor. Ele pode com 17 anos entrar numa sala com 30 alunos e ser responsável por eles.
Então acaba sendo cobrado desses jovens um amadurecimento mais rápido para que ele possa realmente, ao final de um tempo, ser responsável por uma turma.
EM QUE MOMENTO OS HOMENS PASSARAMA SER ACEITOS NO CURSO NORMAL? Foi muito pelo contrário, no passado os professores eram homens. Bem no passado, não existiam mulheres como professoras. As mulheres só começaram a questão do trabalho e de serem professoras, principalmente, quando as questões econômicas fazem com que elas vão para o mercado de trabalho.
O que aproximou a mulher desse mercado de trabalho é o fato dele estar relacionado a crianças.
Quando as mulheres começaram a trabalhar, os homens queriam que elas tivessem contato com crianças, porque, em “tese”, tanto tinha o lado materno, quanto tem a parte de que sua esposa estaria saindo pra trabalhar, mas não seria com outro homem. Então eles estariam livres de qualquer situação de traição.
A entrada do homem nunca foi proibida, é importante frisar. Eu por exemplo, quando fiz o curso na década de 70, tive colegas homens.
No passado era ao contrário, você tinha muito mais homens do que mulheres.
Depois que aconteceu essa questão feminina, passou a ser quase que de lei, ou a mulher ia trabalhar em casa de família, ou ia ser professora. Se ela fosse de uma classe mais favorecida ia ser professora, se ela fosse de uma classe mais baixa ia ser doméstica.
POR QUE SERÁ QUE HOUVE A DIMINUIÇÃO DOS HOMENS?
Por uma questão também econômica, passou-se a ganhar muito pouco. Então como o homem, geralmente, na nossa sociedade é o provedor do lar, ele passou a ter trabalhos em que ele pudesse ganhar mais. E como esse trabalho passou a ser muito amplo, as mulheres continuaram e ganhando bem menos do que os homens.
Essa questão econômica é muito reforçada, o professora ganha pouco porque ele faz um trabalho afetivo. E fala-se que é um trabalho que qualquer um sabe fazer.
A especialização como professora acaba ficando um pouco atrás, porque ter que ter uma boa postura, uma boa aparência, ter que ser delicada, ter que ser afetiva, ter amor a profissão, mas ela também tem que ter muita competência, tem que estudar... Pra que você vai pagar muito pra uma pessoa que só vai fazer um trabalhinho mais ou menos?!
Aparece muito a palavra “cuidar”. Mas a professora não cuida do seu aluno, ela ensina, é diferente.
O QUE FAZ COM QUE O UNIFORME TENHA TAMANHA IMPORTÂNCIA QUE FAÇA COM QUE ELE RESISTA POR TANTO TEMPO?
Ele acaba resistindo por tanto tempo porque ele é uma marca. É uma marca de um tempo, de um grupo. Como é uma marca o uniforme de enfermeira, como é uma marca o uniforme de várias outras categorias.
Sendo uma marca de um grupo, ele acaba sendo perpetuado e mesmo que esse grupo, seja um grupo que, através do tempo, se mudou porque a sociedade mudou, ele ainda tem características próprias: é um grupo que, ao final de um tempo, vai ter a responsabilidade de ser professor. A característica não se mudou. Em qualquer lugar você está identificado como um aluno do Curso Normal.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial